MARCOS PINTO, um conhecedor do SOBRENATURAL NA GENEALOGIA

 



Relutei por algum tempo em recorrer a ele. Não era possível que nenhum dos genealogistas da nova geração que eu conhecia, nascidos e criados no Oeste Potiguar, grandes pesquisadores, não soubessem a origem do apelido JOSÉ DIABO de José Joaquim de Oliveira (1). Catalogado na Genealogia do Alferes Manuel Nogueira de Lucena (2) como Tn 43 (trineto 43) no livro AS DEZ GERAÇÕES DA FAMÍLIA CAMBÔA, o autor Lauro da Escóssia acrescentara o apelido sem que descrevesse, no entanto, a origem. A curiosidade acerca desse apelido me surgira bem antes de ler o livro de Escóssia - veio ao analisar a Árvore Genealógica de uma bisneta de José Diabo, que tinha correspondência de DNA comigo. Mas a nenhum dos genealogistas que perguntei surgira a curiosidade e a motivação para descobrir sobre essa estranha alcunha de José Joaquim de Oliveira. Só Marcos Pinto deveria saber a resposta. E sabia.

Era o dia 19 de julho de 2022, quando entrei em contato com o Doutor Marcos Antonio Pinto, advogado, historiador e genealogista, nascido em 20 de maio de 1959, no Apodi (4), terra de origem de vários de meus antepassados. Me contou que soube a origem do apelido através de um neto de José Diabo, o qual lhe contara que seu avô possuía 6 casebres, mas que acabou perdendo seus imóveis em uma aposta em jogo de baralho. Para reaver a posse de seus bens, o avô teria recorrido ao Diabo. Volta então ao jogo de baralho. Dessa vez recupera tudo que perdeu. Como teria conseguido reaver os casebres com a ajuda do Maligno, José Joaquim de Oliveira (5), que vivera em Mossoró, ficou conhecido como ZÉ DIABO . Assim contara o neto, que faleceria em 2018, aos 76 anos de idade, a Marcos Pinto. 

É interessante como surgiu a minha amizade com esse Cascudo (3) dos nossos dias.

Como minha família não tivesse nenhum membro célebre por algum grande feito em tempos recentes, resolvi escrever sobre aqueles que estiveram ligados de alguma forma com eventos sobrenaturais, tendo conhecido os relatos, inicialmente, através de meu pai, Gil, mais tarde pelas irmãs dele, Maria, Lucy e Ceição. Julguei dignos de pertencerem às Histórias e Tradições Populares do Rio Grande do Norte - não eram apenas histórias ouvidas, mas havia figuras de carne e osso que participaram delas. Todas nomeadas. Era preciso deixar suas histórias registradas não só para a minha família, mas para todo aquele que goste de tais narrativas.

Como cresci em São Paulo ouvindo de meu pai as histórias sobre um lendário fazendeiro que viveu próximo à sua cidade natal, Umarizal, o Coronel Quinca Saldanha, e ao ver que ele realmente existira (6), resolvi iniciar meus escritos com o artigo: A Visão Fantasmagórica do Caminhão de Quinca Saldanha, onde eu mostrava que essa figura histórica, de tantas maldades que cometera, acabara ligada ao folclore potiguar. Figurava até na Literatura de Cordel - A Sangrenta Luta no Seridó, escrita por Expedito F. Silva, impresso pela Secretaria de Educação e Cultura do Governo do Estado do Rio de Janeiro de 1978.

Marcos Pinto foi atraído por esse meu artigo sobre essa poderosa figura da República Velha. Havia um interesse bem particular, além do histórico (aliás,  Marcos foi um dos historiadores que me fizeram ver que o temido Coronel de fato existira). A família Saldanha fora inimiga política de sua família. O Coronel Francisco Ferreira Pinto (7), que foi Deputado Estadual, e Prefeito do Apodi desde 1922, irmão de Aristides Ferreira Pinto (8), avô paterno de Marcos, seria deposto em 1930, com a chegada do interventor de Getúlio no Rio Grande do Norte. Entraria em atrito com o Prefeito Interventor do Apodi, Benedito Saldanha, irmão de Quinca, após participar da fundação do Jornal A RAZÃO. Seria  assassinado em 1934, tendo como suspeitos seus opositores políticos (9). 

Ao comentar o meu texto, Marcos Pinto me surpreenderia ao  dizer que sabia até o nome do SANFONEIRO QUE FOI TOCAR NO INFERNO, uma história sobrenatural ligada ao Quinca, narrada a mim por meu pai. Até então eu pensava ser uma  história muito mais remota, que algum Contador de Histórias ligara ao Quinca:

- Alô, Esmak Soares. Sobre esse personagem que tocou o forró no Inferno, na Seca de 1932, ouvi essa história contada por um neto deste homem tocador de Sanfona, que tinha o nome civil PEDRO PINHEIRO DE FRANÇA, cujo relato serviu-me para escrever e publicar um artigo no famoso jornal de Mossoró, onde resido desde 1974, de nome "Gazeta do Oeste". O título do artigo é "PEDRO PINHEIRO E O FORRÓ NO INFERNO".

Parafraseando um presidente dos EUA, "MARCOS PINTO É O CARA!"



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1 - G7ZH-HYH - ID no Family Search, serviço de Genealogia da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos dias.

2 - KLF4-NCK - ID.

3 - Luís da Câmara Cascudo, nascido em Natal, no dia 30 de dezembro de 1989, e falecido em 30 de julho de 1986, foi um historiador, sociólogo, musicólogo, antropólogo, etnógrafo, folclorista, poeta, cronista, professor, advogado e jornalista (WIKIPÉDIA. Câmara CascudoDisponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2mara_Cascudo. Acesso em: 06 MAR 2023).

Marcos Pinto é aqui comparado a esse incansável estudioso do Rio Grande do Norte por terem ambos o mesmo fascínio por Mistérios e Assombrações.

4 - TUDO DE APODI. Marcos Pinto - Historiador. Disponível em: http://tudodeapodi.blogspot.com/2011/06/biografia-de-marcos-pinto.html?m=1 Acesso em: 06 MAR 2023.

5 - Zé Diabo, filho de Joaquim Floriano de Oliveira e de Esmeraldina da Rocha, nasceu em Mossoró por volta de 1851. Faleceria em sua terra natal no dia 1 de janeiro de 1934, conforme seu Registro de Óbito n° 1980 do Cartório de Mossoró, datado do mesmo dia de seu falecimento.

6 - Sobre a figura histórica de Quinca Saldanha: 

MEDEIRO, Rostand. Quincas Saldanha - A História do Cangaceiro Seridoense Chico Jararaca. Disponível em: https://tokdehistoria.com.br/tag/quincas-saldanha/ Acesso em: 06 MAR 2023.

BLOG DO MENDES & MENDES. Quincas Saldanha por Antonio Martins. Disponível em:http://blogdomendesemendes.blogspot.com/2019/12/quincas-saldanha.html . Acesso em 06 MAR 2023.

CARIRI CANGAÇO. Antonio Saldanha: Da série "Inquilinos Ilustres da cadeia velha e Pombal" por José Tavares. Disponível em: http://cariricangaco.blogspot.com/2021/08/antonino-saldanha-da-serie-inquilinos.html  Acesso em: 06 MAR 2023.

LIBERDADE PB. No Tempo do Cangaço: Quinca Saldanha x Antonino Saldanha e o Fogo de Saldanha. Disponível em: https://www.liberdadepb.com.br/no-tempo-do-cangaco-quinca-saldanha-x-antonino-saldanha-e-o-fogo-de-santana/ Acesso em: 06 MAR 2023.

BLOG CARLOS SANTOS. Cangaço na região Oeste do RN por Marcos Pinto. Disponível em:  https://blogcarlossantos.com.br/cangaco-na-regiao-oeste-do-rn/ Acesso em: 06 MAR 2023.

HONÓRIO DE MEDEIROS. Subsídios para a História da Família Saldanha - I por Marcos Pinto. Disponível em: http://honoriodemedeiros.blogspot.com/2013/10/subsidios-para-historia-da-familia.html Acesso em: 06 MAR 2023.


7 - KGKJ-79Z - ID no Family Search. 

8 - G7TX-H5M - ID no Family Search. 

9 - BLOG CARLOS SANTOS. Cabra marcado para morrer - por Marcos Pinto. Disponível em: 

https://blogcarlossantos.com.br/cabra-marcado-para-morrer/ Acesso em: 06 MAR 2023.



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