Cardoso, Moreno, Cunha, Leão e Baracho - a Ligação Judaica dessas Famílias do Sertão

 




    Fazia anos que me intrigava quem era o antepassado de minha mãe em comum com pessoas de Cabo Verde, uma ilha africana, que o MyHeritage, plataforma de Genealogia, trazia como correspondentes de DNA de ancestralidade dela. Como ela tem várias origens africanas, de início julguei que vinha de algum africano dessa ilha trazido aqui para o Brasil como escravo. Mas esses primos distantes dela do Cabo Verde apresentavam como parentes em comum pessoas de fisionomia europeia, aparentando origem germânica ou escandinava, espalhados pelo mundo. Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos eram alguns dos países que minha mãe e os habitantes de Cabo Verde tinham primos em comum. Alguns destes possuíam Árvores Genealógicas bem desenvolvidas, onde se via origens remotas da época do Velho Oeste e além, no caso dos primos distantes dos EUA, como no caso de Henry Schainck Wyman (P974-BJ3 - ID no Family Search), já falecido, onde se observa a triangulação dele com minha mãe e um primo mais próximo dele - se vê que a ligação com eles vem por William Lambourne Jr (KWJD-WTB), que foi um membro ativo dos mórmons de Salt Lake, Utah, nascido em 1823 e falecido em 1887.

    Além desses povos de origem anglo-saxã, minha mãe e os cabo-verdianos tinham em comum os brasileiros da família OLIVEIRA, que também se conectavam com os já citados povos originários do Reino Unido. Passei a suspeitar de um vínculo com os judeus.

    Quem me traria essa conexão com os judeus seria o primo José Ronaldo Marques da Cunha, em 26 de julho de 2025, ao me contar do trabalho de pesquisa em conjunto com nosso primo Marlécio Maknamara relacionado ao nosso ramo CARDOSO MORENO, do Lamego, que fora alvo do Santo Ofício. Com exceção do escrivão Manuel Cardoso Moreno, o restante de sua família, a esposa Maria da Costa e os filhos, foi interrogado pela Inquisição, acusado do crime de praticar judaísmo. Fui atraído pelo Processo de Maria da Ressurreição, (1) que fora condenada a cumprir a pena de degredo em Cabo Verde por 5 anos, em 1 de setembro de 1737. Ali poderia estar a chave para o enigma da conexão de minha mãe com essa ilha.

    O sobrenome CARDOSO o Rabino Ventura, do Sinagoga Sem Fronteiras, já havia contado em um vídeo que os judeus o usavam esse como significado da palavra hebraica KADOSH - Santo ou Sagrado. Ele também contou em outro vídeo como os descendentes de Yahia ben Yahia usavam o sobrenome NEGRO, e outros PRETO. Ora, pensei, o mesmo deve se dar com o MORENO. O Coronel José Cardoso Moreno e sua esposa Lusia de Leão são meus ancestrais. O LEÃO, de Lusia, faz referência ao animal que é símbolo da tribo de Judá. CARDOSO, como explicara Ventura, se refere aos descendentes de Aarão, irmão de Moisés, o grande legislador do povo de Israel. CUNHA, segundo ele, vem de COHEN, palavra hebraica para Sacerdote, era outro sobrenome que fazia referência aos descendentes de Aarão. Era costume das famílias judaicas procurarem ramos em comum para se casarem. Assim, quem descendia do rei David iria procurar outra pessoa descendente dele. O que pode ocorrer aí é a falta ou uma aliança maior formada entre esses descendentes de David e de Aarão.

    José Derivaldo da Cunha Marques, tio de Ronaldo, é professor de hebraico e grego. Já revelara há muito tempo ao sobrinho que o CADÓ usado por pessoas como Luiza Bezerra Cadó (GKDQ-CVM), filha de José Teodoro Rodrigues Baracho e Maria Teresa de Jesus, faz referência ao KADOSH.

    Ronaldo também me trouxe nestes últimos dias o significado que estaria oculto no sobrenome BARACHO. Viria do hebraico BARUCH - Santo.

    Por acaso, acabei topando com o artigo "Resquícios da passagem de família Judaica pela cidade de Pombal (séc. XIX)", de Jerdivan Nóbrega de Araújo, escritor e pesquisador pombalense, autor de várias grandes obras, que para mim foi muito valioso. Era o que eu precisava. Falava dos irmãos João e Francisco Ignácio Cardoso D'Aarão, cripto-judeus que chegaram a Pombal por volta da primeira metade do século XIX, sendo os patriarcas de todos os CARDOSOS de Pombal, na Paraíba, e dos de Serra dos Cardosos, no Rio Grande do Norte. (2) No sobrenome deles, CARDOSO D'AARÃO, estava bem claro para outros cristãos novos que eles eram descendentes de Aarão, pois faziam questão de dizerem que o Cardoso deles vinha de Aarão.

   Acessei o MyHeritage, e pesquisando um por um os cabo-verdianos que tinham correspondência de DNA de ancestralidade com minha mãe, encontrei uma mulher de sobrenome LOPES, que tinha correspondência com uma senhora já de idade avançada com sobrenome BARBOSA. Ora, os cabo-verdianos primos distantes de minha mãe tinham em comum esse sobrenome e os LIMA, ALMEIDA, NOBRE e ARAÚJO, sendo os 3 últimos encontrados nos descendentes dos Cardoso Moreno ligados aos CUNHA, dos quais faço parte, da região de  Santana do Matos, Rio Grande do Norte, e o primeiro acusa correspondência com minha mãe no Seridó. Mas aquela membro da família Barbosa parecia ser brasileira. E eu estava certo. Ela era a chave para vários enigmas, pois ela conecta também os brasileiros CUNHA, NOBRE e ARAÚJO (descendentes de Catarina Nobre de Araújo, entre os quais, minha mãe Edite de Oliveira Soares e outra), COSTA (Nemésio Gomes Cavalcanti, membro da Direito do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica), MOURA ROLIM  e OLIVEIRA (Orlando Augusto de Figueiredo, falecido, conforme comunicou seu sobrinho Valério - formava triangulação com minha mãe e Marcelo de Oliveira Soares, sendo este e Orlando descendentes de João Patrício da Silva Juba e Catharina de Moura Rolim).

    É possível que um dos irmãos tenha pedido permissão para acompanhar Maria da Ressurreição no degredo, com a finalidade de evitar que ela fosse abusada durante o trajeto no navio e na ilha. E do cruzamento dele com uma habitante da ilha surgiria os primos que aparecem no MyHeritage. Quanto a serem descendentes de Maria da Ressurreição, há uma possibilidade, embora um pouco difícil, pois ela já passava dos 40 anos de idade (poderia ser mais nova, já que antigamente não eram tão exatos na contagem dos anos de aniversário). Uma cabo-verdiana me contou de haver a tradição na ilha da família dela se originar de  dois irmãos.

    Cláudio Pasianotto Costa, colega de trabalho, ao lhe contar sobre o meu vínculo com Cabo Verde, e as conexões dessa ilha com pessoas originárias do Reino Unido, me revelou que navios baleeiros de New Bedford, costa oeste dos Estados Unidos, faziam parada lá. Daí os cabo-verdianos terem se espalhado. E ele estava certo. Manuel Brito-Semedo conta em "Nôs Terra, Nôs Gente - A Pesca da Baleia e a emigração para a América" a história de como baleeiros americanos saídos de New Bedford passaram a visitar as ilhas do Cabo Verde, começando por São Nicolau, através do Porto da Preguiça, por volta de 1790. Com a finalidade de preencher lacunas em suas tripulações, capitães de navios baleeiros passaram a recrutar os habitante de Cabo Verde que estavam disponíveis. Com a esperança de escaparem da seca e da fome, os cabo-verdianos se lançaram ao mar, nesses navios, e após a pesca das baleias, aportando em New Bedford, o caminho para uma terra cheia de oportunidades se abria para eles. (3)

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1. https://digitarq.arquivos.pt/documentDetails/7fa124e5735f46b3a0e7ffb4c86cc0c7

2. https://clemildo-brunet.blogspot.com/2017/05/resquicios-da-passagem-de-familia.html?m=1&fbclid=IwY2xjawL-C_dleHRuA2FlbQIxMABicmlkETBwNldYN3FTRzRGR3JXbm5uAR7x1EMszSQLyPBjqC8qniFJ9sJ-OwKqTeM4b1GKJ4tbsKKAz11MvMKWg-Gz_g_aem_BC4e6426t7Qhb6VnkSG2VQ

3. https://brito-semedo.blogs.sapo.pt/nos-terra-nos-gente-a-pesca-da-baleia-658708#:~:text=Situado%20ao%20largo%20do%20cabo,para%20pessoas%20dispostas%20a%20trabalhar.


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