OLIVEIRA - o Antepassado Bíblico omitido pelos Judeus

 



    Sílvio Santos, apresentador de televisão do SBT, descenderia do Rei David, personagem bíblico que ficou famoso por matar o gigante Golias. Em 1988, diante da pergunta de uma telespectadora sobre seu nome completo, ele não só respondeu que seu nome verdadeiro era Senor Abravanel, como contou que era descendente direto de Don Isaac Abravanel (Ytschaq ben Yehudah Abravanel) - grande estadista judeu, que escreveu que descendia do Rei David, embora sem citar fontes.

    A primeira vez que ouvi falar que Sílvio Santos tinha David como seu ancestral direto fiquei espantado, pois ainda que seja uma tradição que não se possa comprovar, é surpreendente imaginar que exista a possibilidade de haverem pessoas com árvores genealógicas cujos ramos se estendam até o início da humanidade (para quem crer no Livro Sagrado).

    Decorrido um certo tempo, já em 2022, tive uma agradável surpresa - não era só a família que o Sílvio Santos pertence que tinha uma linhagem bíblica. Os membros da família Oliveira que tem origem judaica, da qual faço parte, também descendem de um personagem bíblico, segundo uma tradição judaica... mas que em vez de descenderem da realeza ou de um herói, descendem de um vilão bíblico.


Tradições devem serem levadas a Sério?

    Será que tradições, passadas de geração em geração, poderiam ter algum fundo de verdade, como essa dos antepassados do Sílvio Santos que se diziam descenderem do Rei David?

    No meu entender, enquanto não haja alguma prova que discorde da tradição familiar, ela deve ser levada a sério, desde que não seja tão mirabolante.

    É conhecida a história do menino que era fascinado por uma cidade que parecia existir apenas na Mitologia Grega. Essa cidade, Troia, era descrita somente na Ilíada, poema épico de Homero. Mas esse menino, nascido na Alemanha em 1822, chamado Heinrich Schliemann, pôs como meta em sua vida a busca por Troia, que ele acreditava ter existido. Quando cresceu e teve recursos suficientes, e tendo aprendido grego, rumou para a Turquia, onde estaria a antiga cidade, segundo a descrição na Ilíada. Em 1871, após muito esforço, mas nunca desistindo de seu objetivo, Schliemann descobriu os restos da cidade de Troia sob a colina de Hisarlik, no noroeste da atual Turquia, acabando por encontrar até um tesouro, que levou para a Alemanha, mas que durante a Segunda Guerra Mundial, após a invasão soviética foi levado para a Rússia. Hoje encontra-se no Museu Pushkin de Moscou (1). 

    Com o avanço da Genética, e com a possibilidade de algum dia encontrar os restos mortais de algum rei de Israel, a tradição de que Don Isaac Abravanel descende de David poderá ser posta à prova. Já a do antepassado bíblico da família Oliveira, bem anterior ao vencedor do gigante Golias, será bem mais difícil a prova científica.


Filhos de Qorah

    As primeiras informações que encontrei sobre quem foi o Patriarca dos Oliveiras diziam apenas que era Yts'har (Jizar), tio de Mosheh (Moisés), o grande legislador hebreu que recebeu das Mãos do Eterno a Tábua dos Dez Mandamentos. Quando vi que um de seus filhos era o Qorah (Coré), comecei a desconfiar que estavam omitindo em divulgar que seu nome constava na Árvore Genealógica da família Oliveira por ter se rebelado contra Mosheh. Saber que se é descendente de Yts'har é sensacional por ser um parente daquele que guiou os hebreus do Egito até a Terra Prometida! Entretanto, Yts'har, tirando esse parentesco com seu célebre sobrinho, não tem história, ou seja, dele não foram registrados nenhum feito, seja bom ou mau. Já Qorah tem história, embora não seja nada edificante. Mas nem por isso ela deve ficar omitida a seus descendentes ou a quem interessar.

    Foi somente no blog Retratos de Família - Recordações Impagáveis, do Doutor Antônio Carlos de Oliveira Corrêa, que aquilo que eu suspeitava se confirmou - os Oliveiras eram mesmo filhos de Qorah ben Yts'har, segundo a tradição oral judaica que ele conheceu.

    Qorah, embora sendo um levita, ou seja, da mesma tribo de Mosheh, era bisneto de Levi (Números 16,1) e ainda por cima primo em primeiro grau dele, se juntou aos irmãos rubenitas Datan e Aviram que queriam derrubar o grande legislador e guia das tribos de Israel do comando, após ouvirem o relato pessimista de 10 dos 12 expedicionários enviados à Canaã (Números 13), a Terra Prometida pelo Eterno a Avraham (Abraão) - apenas Yehoshua (Josué) e Qalev (Calebe) foram otimistas, por isso foram os únicos acima de 20 anos que Deus permitiu entrarem na terra que destinara aos hebreus. O restante do povo sucumbiria no deserto ao longo de 40 anos (Números 14).

    Essa traição de Qorah era mais prejudicial a Mosheh porque ele fazia parte de sua gente, os levitas, que eram como sua guarda pretoriana perante às outras tribos. No episódio do Bezerro de Ouro (Êxodo 32), quando Mosheh retornou com as Tábuas com os Dez Mandamentos, os levitas foram os únicos das 12 tribos que atenderam ao seu chamado para se ajuntarem a ele quem era do Senhor, e depois falou para que percorressem o acampamento com suas espadas e matassem quem encontrasse pela frente, ainda que fosse um amigo ou até irmão. Os levitas acabaram matando naquele dia cerca de três mil homens.

    Datan e Aviram queriam o comando sobre os hebreus. Para facilitar o que queriam, além de contarem com a parte descontente do povo, era preciso enfraquecer Mosheh com a perda do apoio de parte dos levitas, o que foi conseguido com o oferecimento da função de sacerdote, que era exclusiva de Aharon (Aarão) e seus descendentes, para Qorah.

    Os três, Datan, Aviram e Qorah, acompanhados de 250 homens que eram importantes entre os israelitas, foram afrontar Mosheh e Aharon dizendo:

    - Chega! Toda a Congregação é santa, todos eles são santos, e o Senhor está no meio deles. Por que então vocês querem estar acima da congregação do Senhor? (Números 16,3)

    Mosheh respondeu:

    - Amanhã o Eterno fará saber quem é Seu e quem o santo que Ele fará chegar junto Dele; e aquele a quem escolher fará chegar junto Dele (Números 16,5).

    Mosheh falou para para Qorah e seus companheiros tomarem incensários, e pusessem fogo neles (Números 16,6).

    Dessa conjuração, Hollywood eternizaria em seus filmes apenas Datan como a pedra constante no calçado de Mosheh - é ele que veremos sempre reclamando de tudo, incitando o povo a retornarem ao Egito, onde, embora escravos, não sofriam privações.

    No dia seguinte, Mosheh levantou-se, e acompanhado pelos anciãos de Israel, se dirigiu aonde estavam Datan e Aviram. Falou, então à congregação (Números 16,26):

    - Afastem-se das tendas destes homens ímpios! Não toqueis em nada do que é seu para que porventura não morrais em todos os seus pecados.

    Datan e Aviram saíram e se puseram à porta das suas tendas com seus familiares.

    - Se estes morrerem como morrem todos os homens - disse Mosheh, - e se o destino deles for como o destino de todos os homens, então o Eterno não me enviou. Mas, se Deus criar alguma coisa nova, e a terra abrir a sua boca e os tragar com tudo o que é seu, e vivos descerem ao abismo, então conhecereis que estes homens irritaram ao Eterno (Números 16,29-30).

    Ao terminar Mosheh de pronunciar estas palavras, ouviu-se um som estrondoso. A terra se abriu debaixo dos conjurados, tragando a eles e as suas famílias. E Qorah e os seus desceram vivos ao abismo. O povo de Israel que estava ao redor fugiu apavorado, com medo de também serem engolidos pela terra. E um fogo vindo do Eterno consumiu aos 250 homens que ofereceram o incenso (Números 16,32-34).

    Moisés, o Legislador (Moses the Lawgiver), de 1974, filme dirigido por Gianfranco De Bosio, não teve a popularidade e as cenas grandiosas do épico Os Dez Mandamentos, de 1956, dirigido por Cecil B. DeMille e estrelado por Charlton Heston, mas é o que melhor retratou a conjuração de Datan e Qorah. 


O retorno dos 12 expedicionários enviados por Mosheh à Terra Prometida e, logo em seguida a revolta popular causa pelo pessimismo de 10 deles é mostrado neste vídeo, com cena extraída do filme MOISÉS, O LEGISLADOR, de 1974, protagonizado por Burt Lancaster.


    Tendo como um de seus roteiristas o talentoso escritor Anthony Burgess, autor de Laranja Mecânica, Moisés, o Legislador vai pondo em dúvida a cada milagre que surge desde que começaram as Pragas no Egito. Vemos os egípcios se questionando se aquilo tudo não seria coincidência, como no caso da Praga dos Gafanhotos. Ora, o Egito já não sofrera antes com essa infestação de insetos? Quando Mosheh, interpretado por Burt Lancaster, e seu povo atravessam o Mar Vermelho, e surge o perigo da fome, vem as codornizes e o maná para alimenta-los. Sua irmã, a mesma que o salvara pondo num cesto, sabendo que ele já conhecia aquela região quando fugira do Faraó, lhe pergunta se ele já não era conhecedor das migrações das codornizes. Dessa forma vamos entendendo como o povo se esquece dos "milagres" ao associa-los como coincidências que surgiam nos momentos críticos, e se rebela contra Mosheh, até chegar ao grandioso final, no qual, como o grande legislador falara, se os seus opositores morressem como os outros homens, o Eterno não o enviara. Mas se morressem de uma forma nova, como a terra os engolindo, não restaria mais dúvidas que ele fora o escolhido por Deus para guiar o povo de Israel. 


Na Genealogia Bíblica da Família Oliveira há também um Personagem Ilustre

    A família Oliveira, porém, não tem só vilões do período bíblico em sua árvore genealógica. De acordo com a mesma tradição judaica, segundo Corrêa, há nela também um personagem de grande nome - o Profeta Shmuel (Samuel). Último juiz em Israel, cuja vida é descrita na Bíblia no primeiro livro de Samuel, foi ele quem ungiu Shaul (Saul), primeiro rei dos israelitas, e depois David (Davi). É conhecido também pelo episódio em que Shaul procura uma bruxa para invocar seu espírito. Embora descrito como efraimita, na verdade era levita. Era assim chamado por morar no território da tribo de Efraim - os levitas foram os únicos que não tiveram terras durante a partilha da Terra Prometida por ficarem distribuídos nas demais tribos.

    Em 1 Crônicas 6 vemos que Shmuel descende de Qorah.


Genealogia de Israel até Heman, cantor da época de David

Israel, cognome de Yaqov (Jacó)

Levi

Kehat

Yts'har

Qorah

Eviasaf

Asir

Tahat

Tsefaniah

Azaria

Joel

Elqana

Amasai

Mahat

Elqanah

Tsuf

Toah

Eliel

Yeroham

Elqanah

Shmuel

Joel

Heman


Vivendo na longínqua Sefarad

    Há alguns anos atrás aprendíamos nas escolas que as etnias que formavam o povo brasileiro eram os índios, africanos e europeus. No caso de asiáticos haviam apenas porcentagens pequenas de árabes, japoneses e chineses, além dos judeus ashkenazim, que embora tenham se estabelecidos há séculos na Alemanha e Leste Europeu, sendo, portanto, a princípio, europeus, são originários da Palestina, no Oriente Médio.

    Hoje, porém, uma outra etnia de judeus, como os ashkenazim, europeus, mas também de origem remota asiática, precisa ser incorporada na formação de nosso povo, sendo ela formadora, principalmente, de muitos nordestinos - os judeus sefarditas. A designação sefardita desses judeus vem de Sefarad.

        No versículo 20 do capítulo único do livro do profeta Ovadiah (Obadias, nas bíblias evangélicas e na forma aportuguesada na Bíblia Hebraica publicada pela Editora Sêfer, e Abdias, nas católicas) encontramos o termo Sefarad.


    "... e os cativos de Jerusalém, que habitavam em Sefarad, possuirão as cidades do sul" (Tanah Completo - Hebraico e Português por David Gorodovits e Jairo Fridlin. Editora Sêfer, 2018, pág. 1615).


    Vejamos como consta e o que diz duas ótimas bíblias de estudo cristãs sobre essa localidade.

    Bíblia de Jerusalém, Editora Paulus, 2000, pág. 1764 (católica):


    "...e os exilados de Jerusalém, que estão em Safarad, tomarão posse das cidades do Negueb".


    Em sua nota de rodapé diz que Safarad é desconhecido. O uso de Safarad em vez de Sefarad nessa bíblia católica pode-se explicar por terem usado a Bíblia Grega, traduzida por judeus que viviam em Alexandria, antes de Cristo - no hebraico não há vogais na escrita. Anteriormente dependia-se de quem conhecia a pronuncia dessas palavras. Somente na Idade Média, com os massoretas, estudiosos judeus, é que usaram sinais para a vocalização dessas palavras. Essa bíblia ficou conhecida como Bíblia Massorética, de uso dos judeus e por evangélicos. Os exegetas da Bíblia de Jerusalém usaram na sua composição, além da Bíblia Massorética, a Bíblia Grega.

    Bíblia Shedd, traduzida em português , por João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada, Edições Vida Nova, 2008, pág. 1278 (evangélica):


    "...e os cativos de Jerusalém, que estão em Sefarade, possuirão as cidades do Sul".


    Em sua nota de rodapé, Sefarade é uma cidade que ficava entre Tiro e Sidom, mencionada em 1 Rs 17,9 e Lc 4,26 sob o nome de Sarepta.

    Seria Sefarad localizada na Palestina, entre Tiro e Sidom, conforme afirmam esses estudiosos da Bíblia Shedd? Para tirarmos nós mesmos essa dúvida, analisemos a fonte usada, a Bíblia Massorética.


Sefarad e Tsarefatah - Negev - fonte das imagens: hebraico.pro.br (2)



    Conforme vemos em Ovadiah 1,20, no hebraico transcrito para o português se encontra o termo BISEFARAD - a letra hebraica Beit que representa o BI, trata-se de uma preposição que significa EM. Excluíndo essa preposição, que na regra gramatical do Hebraico deve vir ligada à palavra, ficamos com SEFARAD. Mesmo que você desconheça o Hebraico, comparando as suas letras com as da palavra TSARETAH, citada em 1° Reis, 17,9, vemos que não tem nada em comum. O autor da legenda da nota de rodapé da Bíblia Shedd deveria ter citado qual é a sua fonte para dizer que Sefarad é a mesma coisa que Tsarefatah. Antes de terminar, uma curiosidade interessante: tanto a Tanah, a Bíblia Judaica, como a Bíblia Shedd, evangélica, mencionam que os cativos de Jerusalém, que estão em Sefarad, tomarão AS CIDADES DO SUL, enquanto na Bíblia de Jerusalém, católica, fala que tomarão posse das CIDADES DO NEGUEB. No hebraico constatamos, pela palavra elipsada com contorno vermelho, HANEGEV, que a bíblia católica foi mais fiel ao original, já que a letra hebraica Rê é um artigo ligado ao NEGEV, que traduzido fica O NEGUEB ou O NEGUEV, região desértica e semi-desértica do sul de Israel. O tradutor do Tanah, que em suas referências bibliográficas mostra que usou João Ferreira de Almeida, como uma de suas fontes, o mesmo tradutor português da maioria das bíblias evangélicas no Brasil, seguiu a tradução quase que por completo desse cristão nessa passagem. Parece de pouco significado saber disso, já que Neguev e cidades do sul sejam, na prática, a mesma coisa. Mas e o que acharia de um historiador falar do Estado do Sergipe numa obra e um estrangeiro traduzir como Nordeste, e quem não conferiu a sua tradução, acha que ele foi fiel? Daí a necessidade de quem estuda a Bíblia não se atrelar apenas a uma versão de estudo, mas a várias.

    Para sabermos onde fica Sefarad, na falta de outras fontes, devemos recorrer para a tradição judaica mencionada por Antônio Carlos de Oliveira Corrêa. 

    Sefarad, segundo a tradição, seria a Península Ibérica.

    É possível que os Oliveiras tenham ido para a Espanha já na época em que o Reino de Israel foi destruído pelos assírios, antes do fim do Reino de Judá. O profeta Yonah (Jonas), conhecido por ter sido engolido por um peixe gigantesco (Jonas 1,17) ao procurar fugir de Deus, partiu para Társis (Jonas 1,3), um dos extremos do mundo conhecido de seu tempo, cidade localizada provavelmente na Espanha, onde já deveria haver uma comunidade hebraica. 

  Outra ocasião que possa ter forçado os Oliveiras para a Espanha foi quando Jerusalém esteve cercada pelos romanas. Poderiam terem partido antes da destruição da Cidade Santa no ano 70 d.C.

    A província romana de Hispania (Espanha) tinha um clima e a aparência que lembravam a Terra Santa, o que teria contribuído para que esses levitas se sentissem bem, dedicando-se ao cultivo da oliveira e à produção de azeite de oliva - que acabaria por inspirar o nome da família. Não se sabe, porém, quando foi adotado os sobrenome Oliveira por esses judeus. O que se sabe é que durante o domínio muçulmano na Península Ibérica os Oliveiras eram chamados de haLevi (o levita) e haYts'har (literalmente "o Yts'har", mas nesse contexto seria "de Yts'har", que era o pai de Qorah, o tio de Mosheh)  (3).

    Com o decorrer do tempo, após os cristãos reconquistarem seus territórios dos muçulmanos, a família Oliveira passa a ser conhecida como Benveniste (3).

    Expulsos da Espanha pelos reis católicos Fernando e Isabel, em 1492, os Benveniste se dirigem para o Minho, região setentrional de Portugal. Prevendo novas perseguições, e não querendo perder suas raízes, usam uma palavra que estava relacionada com as suas atividades comerciais, além de estar ligada à sua identidade cultural - Oliveira, árvore responsável pela produção de azeitonas, das quais se extrai o azeite, usado na unção sacerdotal (lembre que os levitas eram os sacerdotes do povo de israelita) (3).

    No Hebraico (e outras línguas semíticas, como aramaico, árabe e o amarico da Etiópia) não se usa vogais na escrita. Assim, um judeu levita vendo a palavra Oliveira de um sobrenome leria apenas as consoantes e semivogais, e acabaria identificando o nome de Levi (3):


O L I V E I R A    -    LVY R (as três primeiras letras formam a sonoridade em hebraico do nome Levi) 


    Rabi Abraham Benveniste, foi um rabino que teria sido o fundador da família Oliveira em Portugal. Nascido em 1433, na cidade de Soria, província de Cáceres, no Reino de Castela, Rabi Abraham era descendente direto do Rabi Zerahiah ben Itzchaq haLevi, de Gerona, que viveu no século XII, o qual era chamado de haYtzhar ou Ytzhar porque sua genealogia remontava ao tio do profeta Mosheh - aqui vemos a forma que usaram para omitir Qorah. Em 1492 Abraham foge da Espanha com toda sua família antes do decreto de expulsão dos judeus, em 1492. Por serem de Oliva-Cávia, ficaram conhecidos como Olivares ou Olivarez. Se estabeleceram no sul da França. Os descendentes de Abraham Benveniste, principalmente os que residiram em Oliva-Cávia, se mudaram para Portugal e deram origem aos Oliveira, que pouco tempo depois daria as seguintes variações: Oliveyra, Olivares, Olivera, Oliver, Oliveros, Olivetti e Olivette (houve ainda os que mantiveram o sobrenome Benveniste) (3).

    Com a chegada da Inquisição em Portugal, muitos Benveniste que estavam por lá reduziram seu sobrenome com a finalidade de dificultar sua origem judaica, que passou a ser Benvindo, derivado de bem vindo, que é a tradução de Benveniste para o português. A família Benvindo migraria para o Brasil, estabelecendo-se principalmente no Nordeste, onde se tornariam numerosos no interior de Pernambuco e Bahia (3).

    De Sefarad vem o termo Sefaradi, que é como os judeus espanhóis se autodenominam, e Sefaradim, seu plural. Sefardim ou Sefardita, com seus respectivos plurais, Sefardins ou Sefarditas, são os termos usados no Brasil para designar esses judeus originários da Península Ibérica (4).

 


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 1 - OELZE, Sabine; LANDSBERG, Torsten; TSCHIERSE, Kevin. Há 200 anos nascia o alemão que descobriu Troia. Uol. Disponível em: 

https://cultura.uol.com.br/noticias/dw/60347340_ha-200-anos-nascia-o-alemao-que-descobriu-troia.html Acesso em janeiro de 2024.


2 - Disponível em:

https://hebraico.pro.br/r/bibliainterlinear/texto.aspg=1%2C2&gb=1e2%2C2&s=OBADIAS&p=1&sa=sAcesso em janeiro de 2024.

3 - CORRÊA. Antônio Carlos de Oliveira. Retratos de família (recordações impagáveis). Uma certa família da Judéia. Disponível em: https://retratosdefamiliabh.blogspot.com/2013/02/ Acesso em janeiro de 2024.

4 - MÍGUEZ. Antón Castro. O Judeu-espanhol na Comunidade Sefaradi de São Paulo. Disponível em:

http://www.filologia.org.br/ixcnlf/14/09.htm Acesso em: janeiro de 2024.











                                           

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