O Descendente Sinistro dos Oliveira Ledo que viveu em Umarizal e Pau dos Ferros
- Chico Velho, vai lá pra fora! Quando eu mandar, você entra no quarto!
Passado algum tempo se ouvia:
- Entre!
Era sempre assim. Toda vez que o avô de Chico Velho mandava entrar naquele quarto sem saída para lugar algum, nada se encontrava, a não ser um estranho toco (pedaço de lenha) aceso. E foi essa a forma que ele usara em anos anteriores para escapar da polícia, lá por volta de 1920.
Alfredo Soares Leite, assim se chamava esse meu trisavô, fora um personagem enigmático, e até hoje continua sendo, que deixara um pesado legado para a minha família até hoje.
Sua história fora preservada por sua neta, Francisca Soares da Silva (Francisca Soares Bezerra era seu nome de casada) a quem ele chamava estranhamente de "Chico Velho". Mesmo sendo ainda uma menininha, essas lembranças de seu avô ficaram guardadas em sua memória, e ela fazia questão de contar para todos os filhos. E assim ela me foi transmitida primeiramente por meu pai, Gil Neto Soares Beserra, e mais tarde por minhas tias Lucy, Maria e Ceição.
Que magia era essa que ele usava? De onde aprendera? Do Livro de São Cipriano, o chamado Livro da Capa Preta?
Nascido na Terra do Pavor*, na Paraíba, local onde morrera Domingos Jorge Velho**, Alfredo era descendente dos Oliveira Ledo. Abaixo seguem os ascendentes dele a partir de Theodósio:
1. Theodósio de Oliveira Ledo (1650-1732), casado com Isabel Paes de Oliveira;
2. Adriana de Oliveira Ledo (1682-1769), casada com Agostinho Pereira Pinto;
3. Thereza de Jesus de Oliveira (1713-1816), casada com Paulo de Araújo Soares;
4. Maria José Pereira de Araújo (1741-?) casada com José Gomes de Farias;
5. Francisca Maria da Conceição (1775-1851), casada com Domingos José de Araújo;
6. José Joaquim de Araújo (1804-1874), casado com Madalena da Conceição;
7. Bernardino Pereira de Araújo (1828-1909), casado com Joana Maria da Conceição (não consta no livro dos Dinoá, Ramificações, talvez tenha sido sua primeira esposa ou apenas se envolveram);
8. Manoel Soares Leite (1850-1947), casado com Thereza Maria de Jesus;
9. Alfredo Soares Leite (1880-1945), casado com Rita Maria da Conceição.
No livro Os Alicerces de Campina Grande, de Epaminondas Câmara, vemos os Oliveira Ledo sendo acusados pelos rivais políticos, aliados a religiosos, de serem heréticos. Será que haveria um fundo de verdade nisso no que diz respeito a alguns membros dessa família?
De qualquer forma, acontecimentos sinistros estavam ligados a Alfredo, como um dos filhos ser registrado justamente no número 666, e de o padre que batizou a maior parte de seus filhos ter tido uma morte violenta, acabando até castrado.
Continua em Amaldiçoados por Cinco Gerações
(*) Piancó, local onde nasceu Alfredo Soares Leite, era o nome do chefe dos índios Coremas, cujo significado era Pavor, Terror.
(**) Domingos Jorge Velho foi um bandeirante paulista que durante sua vida se envolvera em inúmeras batalhas contra indígenas para escraviza-los, chegando a acumular enorme fortuna, ao ponto de criar um exército pessoal, o Terços dos Paulistas, formado por aventureiros paulistas e indíos aliados. Ele mesmo se aposentara, morando no Piauí, cercado de mulheres, quando chegou o Contrato para acabar com o Quilombo dos Palmares. Suas mãos derramariam então mais sangue do que todas as guerras anteriores em que se envolvera, pois antes mesmo de enfrentar os guerreiros de Zumbi, teve que mandar decapitar cerca de 200 dos seus próprios combatentes que se recusaram a seguir para Palmares, após enfrentarem combates sangrentos contra os índios do Rio Grande do Norte, que moveram uma guerra que foi considerada até mais perigosa do a que Zumbi dera início, sendo necessário até o Governador de Pernambuco prometer liberdade aos criminosos que estavam presos se participassem da guerra contra esses índios, que faziam parte de uma confederação que os Janduís formara . Essa era a razão porque muitos estranham que da tropa de 1300 do Terço dos Paulistas só chegara cerca de uns 700 para lutar contra os quilombolas.
Comentários
Postar um comentário